A proposta tributária do governo federal que padroniza a alíquota sobre criptomoedas em 17,5% — além de possível incidência de IOF sobre stablecoins — tem provocado intensa reação no setor. No meio desse debate, ganha destaque o nome de Guilherme Haddad Nazar, sobrinho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recentemente promovido a vice‑presidente regional da Binance para a América Latina
🧭 Nova alíquota: benefício claro para estruturas internacionais e para os ‘Haddads‘
A proposta de Haddad padroniza a alíquota em 17,5%, eliminando a tabela progressiva de 15% até 22,5% vigente nas exchanges locais.
Investidores estrangeiros (ou brasileiros que operem em corretoras sem sede no Brasil) continuam com tributação fixa de 15%, como ocorre atualmente, segundo informações do Infomoney.
Isso favorece grandes operadores já estabelecidos fora do país — inclusive a Binance, comandada regionalmente pelo sobrinho Guilherme Haddad — e penaliza o investidor médio que atua em reais e plataformas locais como o Mercado Bitcoin.
O Patrimonialismo da Binance no Brasil
A Binance, maior corretora de criptomoedas do mundo — frequentemente associada a interesses geopolíticos do Partido Comunista Chinês — parece ter compreendido bem a lógica patrimonialista que rege parte da política brasileira. Prova disso é a contratação de Guilherme Haddad Nazar, sobrinho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a vice-presidência regional da empresa na América Latina. Não bastasse, a exchange também atraiu para seu conselho Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda de Michel Temer e figura influente do União Brasil.

A pergunta que ecoa entre os bastidores do mercado cripto é direta: em que exatamente Meirelles pode contribuir para as operações da Binance? Seria por sua experiência econômica ou por sua vasta rede de conexões políticas que atravessa governos e legendas?
Na prática, a Binance parece apostar em uma estratégia clássica: alinhar-se a figuras bem posicionadas dentro do Estado para minimizar riscos regulatórios e ampliar sua influência no país, mesmo enquanto a Receita Federal endurece a tributação para o pequeno investidor. Uma abordagem que, para muitos analistas, reforça os sinais de patrimonialismo e conflito de interesses no coração do sistema.
O recado do setor: risco de fuga e evasão
Com a revelação das regras, o mercado de criptomoedas deixou claro o que irá acontecer e os problemas do ministro da economia beneficiar tão claramente seu próprio familiar.
O perfil da Paradigma Capital criou um meme mostrando que as empresas brasileiras iriam morrer com a nova regulamentação.

Já Guilherme Sacamone, da OKX Brasil deixou claro:
“Aumentar a carga sem diálogo é empurrar o investidor brasileiro para plataformas estrangeiras. O resultado será menor arrecadação, menos transparência e mais insegurança.”
Ambos alertam que o efeito prático pode ser a perda de capital para exchanges estrangeiras, enfraquecendo o setor nacional, colocando milhares de empregos e famílias brasileiras em risco para beneficiar uma concorrente chinesa.
Binance à parte: escapando da tributação local?
Um ponto à parte: documentos e posicionamentos da Receita apontam que a Binance, por ter domicílio no exterior, não estaria sujeita à nova sistemática de retenção na fonte
A empresa é tratada como offshore e trabalha em uma área cinzenta da legislação, o que significa que não precisaria coletar os tributos diretamente sobre operações locais — responsabilidade da qual ficam isentas exchanges sediadas fora do Brasil.
Com Guilherme Haddad Nazar liderando a Binance regional, a alta cúpula da exchange poderia jogar num ambiente regulatório mais favorável — mesmo enquanto pequenos investidores veem sua carga tributária subir.
IOF sobre stablecoins: impacto ainda mais restritivo
A eventual cobrança do IOF em transações com stablecoins tenderia a onerar ainda mais operações cotidianas de proteção cambial e transferências internas no mercado cripto.E isso pode barrar o uso popular, reduzindo a competitividade das stablecoins nacionais.
Os tributaristas alertam que toda alíquota excessiva estimula a sonegação, especialmente em mercados descentralizados e pouco rastreáveis como o de criptomoedas.
Conclusão: bênção para o sobrinho
A nova estrutura tributária pode funcionar como um filtro: vai punir o investidor pequeno e aproximar a tributação à realidade offshore — cenário que favorece empresários de criptomoedas com presença internacional, como Guilherme Haddad Nazar e a própria Binance.
Enquanto o “povão” enfrenta alíquotas progressivas, IOF e burocracia, a liderança regional da exchange — ligada a operações globais — permaneceria fora desse escopo, usufruindo de um ambiente onde:
- Tributações locais são evitadas;
- Operações seguem com menor interferência da Receita;
- Competitividade e escala internacional são preservadas.
Para beneficiar seu sobrinho, Haddad sacrifica o mercado brasileiro de criptomoedas, mata a vida de milhares de famílias e acaba com a inovação no setor, beneficiando investidores estrangeiros e empregos fora do país.