Uma nova dinâmica de escassez está se formando no mercado de Bitcoin. Segundo relatório da Fidelity Digital Assets, pela primeira vez na história, o número de bitcoins que permanecem intocados há mais de 10 anos — chamados de ancient supply — supera a quantidade de novos BTCs minerados diariamente.
Mais de 17% do Bitcoin nunca mais se moveu
De acordo com o relatório, até o dia 8 de junho de 2025, impressionantes 17% de todo o suprimento de Bitcoin estão classificados como ancient supply, ou seja, não foram movidos em uma década ou mais. Esse montante representa aproximadamente 3,4 milhões de BTC, avaliados em mais de US$ 360 bilhões no preço atual.

Cerca de um terço desse total é atribuído ao próprio criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, que se tornou oficialmente o primeiro holder de 10 anos no início de 2019.
O ritmo dos BTCs “congelados” supera a mineração
Após o halving de 2024, que reduziu a emissão diária de BTC para 450 unidades, o ritmo de moedas que entram na categoria ancient supply (suprimento ancião) disparou para uma média de 566 BTC por dia. Isso significa que mais bitcoins estão “sumindo” do mercado do que sendo minerados.

“Esse é um indicativo claro da convicção dos holders e do enrijecimento da oferta líquida de BTC”, destaca o relatório da Fidelity.
O aumento contínuo dos bitcoins anciões pressiona diretamente a oferta circulante. A tendência, segundo a Fidelity, é que esse fenômeno se acelere:
Projeções indicam que a ancient supply pode chegar a 20% do total até 2028. E pode alcançar 25% até 2034.
Se incluirmos empresas públicas que detêm mais de 1.000 BTC, esse percentual pode bater 30% até 2035.
Empresas dominam 800 mil BTC
Além dos holders de longa data, 27 empresas públicas acumulam hoje mais de 800.000 BTC, o que equivale a cerca de 4% de todo o suprimento do Bitcoin. Incluindo a brasileira Méliuz. Essa presença institucional crescente também contribui para a redução da liquidez e potencial pressão de alta no preço.
O que isso significa para investidores?
O relatório reforça que estamos entrando em uma era onde o Bitcoin disponível para negociação fica cada vez mais escasso. O comportamento dos holders de longo prazo sugere:
- Alta convicção no ativo.
- Menor disposição para venda, mesmo com grandes valorizações.
- Possível impacto direto no preço, pela oferta cada vez mais restrita.
Após as eleições dos EUA em 2024, o ancient supply chegou a cair em 10% dos dias, quase quatro vezes acima da média histórica. Isso mostra que, mesmo entre os holders de ferro, eventos macroeconômicos ainda conseguem gerar algum movimento — embora raro.
A grande pergunta que fica é: será que sobrará bitcoins para todos?