Ouro Ganha Força: 95% dos Consultados em Bancos Centrais Apostam em Aumento nas Reservas

Pesquisa revela que quase metade dos bancos centrais espera aumentar suas próprias reservas de ouro nos próximos 12 meses, enquanto a desdolarização global se acelera.

Uma nova pesquisa realizada com representantes de bancos centrais ao redor do mundo mostra que o apetite pelo ouro permanece em alta. Nada menos que 95% dos entrevistados acreditam que as reservas globais de ouro dos bancos centrais vão crescer nos próximos 12 meses, reforçando uma tendência observada nos últimos anos.

Como você espera que as reservas globais de ouro dos bancos centrais mudem nos próximos 12 meses?

Gráfico com os dados de expectativa sobre as reservas de ouro dos Bancos Centrais.
Em azul aqueles que acreditam que vai aumentar a quantidade de ouro nas reservas dos BCs, em verde aqueles que acreditam que se manterá.

O dado mais impressionante vem de dentro das próprias instituições: 43% dos respondentes afirmam que seus próprios bancos centrais pretendem aumentar as reservas de ouro neste mesmo período, um recorde histórico nas pesquisas. Em 2024 esse número era de apenas 24%, criando um novo recorde. Vale ressaltar que nenhum dos entrevistados espera uma redução nas reservas.

Bancos Centrais emergentes temem a inflação

O movimento é impulsionado principalmente por três fatores-chave:

  • Desempenho do ouro em momentos de crise;
  • Função do ouro como proteção contra inflação;
  • Capacidade do metal de diversificar portfólios e preservar valor no longo prazo.

Essas características únicas seguem tornando o ouro um ativo estratégico nas tesourarias dos bancos centrais”, aponta o relatório.

A pesquisa percebeu que os bancos centrais de países emergentes (EMDE) compram com ouro devido aos riscos inflacionários e funções geopolíticas que as economias avançadas e outros países em geral. Enquanto Bancos Centrais de países desenvolvidos se importam desprorcionalmente mais (67%) com pautas ESG para decidir sobre as reservas do metal precioso.

Gráfico sobre fatores de decisão dos BCs nas reservas de ouro.
Gráfico sobre fatores de decisão dos Bancos Centrais nas reservas de ouro.

Desdolarização Ganha Força

A pesquisa também mostra um claro sinal de transformação no cenário das reservas internacionais. 73% dos participantes esperam uma redução moderada ou significativa na participação do dólar nas reservas globais nos próximos cinco anos.

Em contrapartida, cresce a expectativa de que ativos como ouro, euro, renminbi e outras moedas ganhem espaço nas reservas. Esse movimento reflete uma tentativa dos bancos centrais de se protegerem contra riscos geopolíticos, inflação e volatilidade dos mercados.

Uma Corrida Silenciosa pelo Ouro

Nos últimos anos, os bancos centrais vêm protagonizando uma verdadeira corrida silenciosa por ouro. O metal, que não tem risco de contraparte e não depende de nenhum emissor, vem sendo considerado uma peça-chave nas estratégias de proteção de patrimônio e de redução da dependência do sistema financeiro dominado pelos Estados Unidos.

O estudo reforça que, no atual cenário de incertezas econômicas e geopolíticas, o ouro volta a ser protagonista — não apenas para investidores privados, mas, sobretudo, para quem gerencia as reservas de países inteiros.

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