A Oficina Anticorrupção da Argentina concluiu que o presidente Javier Milei não violou a lei de ética pública ao divulgar o lançamento do criptoativo Libra em fevereiro deste ano. A decisão foi oficializada em resolução publicada no último dia 5 de junho, encerrando a investigação administrativa sobre o caso.
Milei atuou na ocasião como cidadão e economista, sem recorrer ao cargo de chefe de Estado nem aos meios institucionais do governo. As publicações sobre o token foram feitas em sua conta pessoal na rede social X (antigo Twitter), o que descaracteriza qualquer conduta oficial.

“A Argentina Liberal cresce!!! Este projeto privado se dedicará a incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenas empresas e empreendimentos argentinos. O mundo quer investir na Argentina.“
Token Libra gerou prejuízos e polêmicas
O caso ganhou repercussão internacional após o token Libra, promovido como solução para pequenas e médias empresas na Argentina, se valorizar fortemente com a menção de Milei — apenas para despencar logo em seguida. A movimentação levantou suspeitas de pump and dump, prática associada a golpes financeiros com criptomoedas.
Relatórios apontaram concentração de tokens em poucas carteiras e retirada de liquidez repentina. A queda abrupta do preço teria causado perdas a milhares de investidores, especialmente traders de varejo. Apesar disso, não há provas de que Milei tenha se beneficiado financeiramente, tampouco tenha ligação direta com os responsáveis pelo projeto.
Entre os nomes citados no escândalo estão os fundadores da Kelsier Ventures e os desenvolvedores Hayden Davis, Mauricio Novelli e Manuel Terrones Godoy.
Outras investigações continuam em andamento
Embora a Oficina Anticorrupção tenha encerrado o caso do ponto de vista ético e administrativo, ações judiciais seguem em curso na Argentina e nos Estados Unidos. O escritório de advocacia Moyano & Associados, sediado na Pensilvânia, entrou com uma denúncia no Departamento de Justiça dos EUA e no FBI, incluindo Milei entre os acusados.
Paralelamente, o ex-promotor nova-iorquino Timothy Treanor está liderando uma ação coletiva na Corte Federal de Nova York, alegando manipulação de mercado e engano a investidores de diversas nacionalidades.
Milei nega envolvimento com projeto cripto
Desde o início da controvérsia, Javier Milei afirma que não cometeu nenhuma irregularidade. Ele já declarou que os investidores do projeto Libra agiram por conta própria, comparando o risco da operação a uma aposta em cassino.
Vale lembrar que, embora a Oficina Anticorrupção esteja vinculada ao Poder Executivo, ela não possui relação com a Unidade de Tarefas de Investigação (UTI), criada por decreto do próprio presidente para apurar o caso Libra. A UTI foi dissolvida em 19 de maio, após encaminhar suas descobertas ao Ministério Público argentino.