Conheça hoje o primeiro grupo político a aceitar bitcoin no Brasil.
Muito antes de políticos populares usarem criptomoedas como bandeira eleitoral, um grupo ativista já estava trilhando esse caminho no Brasil: o Partido Pirata, também conhecido como PIRATAS . Fundado oficialmente em julho de 2012, o movimento político foi o primeiro no país a aceitar doações em bitcoin — e também um dos poucos a defender abertamente o compartilhamento irrestrito de informação, cultura e conhecimento. Em outras palavras: sim, eles defendem a pirataria (e com orgulho).
Os Piratas desembarcaram o bitcoin na política brasileira
Inspirado no Partido Pirata da Suécia, criado em 2006, o nasceu com uma proposta clara: lutar pelos direitos civis na internet, pela privacidade, transparência pública, acesso livre ao conhecimento e contra a vigilância em massa. Seu foco é uma política digital de base, descentralizada e profundamente conectada à cultura hacker.
O movimento surgiu oficialmente durante a Convenção Nacional de Fundação em Recife, com a presença de 130 ativistas de 15 estados brasileiros. Em 2013, o grupo conseguiu registro em cartório e CNPJ próprio, mas não alcançou o número de assinaturas exigido pelo TSE para virar um partido oficialmente registrado. Mesmo assim, o PIRATAS seguiu ativo, realizando eventos, debates e ações de mobilização digital.
Apesar disso, a adoção do bitcoin veio logo no início. Em setembro de 2012, um ativista anônimo — conhecido apenas como “Outro” — sugeriu que o Partido Pirata aceitasse doações em criptomoeda no site oficial do movimento,

A proposta foi implementada em 16 de março de 2013, quando o grupo divulgou seu primeiro endereço de BTC em seu site. A carteira recebeu pouco mais de 1 bitcoin, que valia cerca de R$30,60 na época.
R$30 reais se transformaram em R$500.000

Hoje, esse mesmo valor ultrapassa meio milhão de reais — uma ironia histórica digna da causa que defendiam.
Entre os fundadores do movimento está Wladimir Crippa, uma das figuras mais influentes do ecossistema cripto brasileiro. Além de atuar como primeiro tesoureiro nacional do PIRATAS, Crippa também foi organizador de eventos sobre Bitcoin e defensor ferrenho do software livre, da descentralização e da soberania digital.
A conexão entre o Bitcoin e o Partido Pirata não foi apenas financeira, mas ideológica. Para o PP, o BTC representava uma extensão natural da sua luta: uma moeda sem controle estatal, que promove a liberdade individual, resiste à censura financeira e rompe com estruturas centralizadas de poder.
Exatamente como o compartilhamento irrestrito de arquivos rompe com os monopólios da indústria do entretenimento.
Os Piratas se afastam do Bitcoin
Os Piratas foram pensados por Rick Falkvinge, um empresário e desenvolvedor de software sueco que colocou todo seu dinheiro em bitcoin no ano de 2011. Na época, a criptomoeda valia US$ 8,30 por bitcoin. Se o empresário bem-sucedido só tivesse US$10.000,00 na sua conta, algo improvável, ele teria acumulado 1204,81 bitcoins. Uma verdadeira fortuna, ainda mais que alguns analistas esperam que a criptomoeda chegue a US$250 mil.

Mas se em 2011 Rick e seu Partido foram pioneiros na adoção do bitcoin, em 2020 ele anunciou que o bitcoin estava em decadência. Ele afirma que o Bitcoin foi sabotado em 2016/2017, por uma narrativa que tornou o criptoativo apenas uma “reserva de valor” e não uma moeda mundial para as massas. Confira o vídeo completo:
Hoje, no Brasil, a página de doações do Partido Pirata é inexistente. Em outros países, como o Partido Pirata dos Estados Unidos, o bitcoin não é aceito.

Para muitos, o abandono das criptomoedas pelos Piratas é um prenúncio do “fim do bitcoin”. Enquanto outros acreditam que a criptomoeda está em outro patamar, não servindo apenas a ativistas políticos, mas também a grandes instituições bancárias e financeiras.
Quem está certo? Só tempo saberá.